sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

CIENTISTAS ENCONTRAM ANIMAL INVULNERÁVEL A DOR

Rato-toupeira pelado


Vivendo sob a terra em tocas que chegam a 4 m de profundidade, o rato-toupeira pelado (Heterocephalus glaber), tem o sangue frio, característica única entre mamíferos. "Eles são os mais interessantes animais que eu já trabalhei, são muito gentis", disse o neurobiólogo Thomas Park, da Universidade de Illinois, em Chigaco.

Cientistas sabiam que a espécie é muito sensível ao toque - talvez para auxiliar seus olhos praticamente inativos. Depois de estudar a pele dos roedores, Park e seus colegas descobriram que esses animais não têm a Substância P, um neuropeptídio que causa a sensação de dor de queimaduras nos mamíferos.

Teste do ácido

Os pesquisadores resolveram, então, fazer um teste. Deixaram os ratos inconscientes e injetaram pequenas doses de ácido (parecido com suco de limão, segundo Park), assim como um princípio ativo da pimenta nas patas dos animais. Para a surpresa dos cientistas, os ratos não apresentaram dores. "Essa insensibilidade ao ácido é muito surpreendente", afirmou Park.

"Todos os animais que já testamos são sensíveis a essa substância", completou. Para testar a resistência do roedor, o grupo de Park inseriu em uma das patas traseiras a Substância P. Logo depois, injetou um dos princípios ativos da pimenta. "Eles puxaram a pata e deram uma lambida no local da ferida", explicou.

Já a outra pata, na qual não foi inserida a Substância P, permaneceu parada durante os estímulos, afirmaram os pesquisadores. Os cientistas acreditam que eles desenvolveram essa capacidade durante a vida sob o solo. Como os roedores exalam altos níveis de dióxido de carbono em ambientes apertados, os seus tecidos se tornaram imunes à sensação ácida.

"Nossa absorção de dióxido de carbono durante a respiração não chega a 0,1%. Se as pessoas estivessem expostas a cerca de 5% de dióxido de carbono, sentiriam uma espécie de queimação nos olhos e no nariz", explicou Park. "Estima-se que essa espécie de roedor respire em um ambiente em que o nível de carbono chega a 10%", continuou.

Medicina

Especificamente, Park afirma que a pesquisa pode acrescentar informações sobre a Substância P. "O estudo é importante para constantes dores inflamatórias. São dores que podem durar horas ou dias quando um músculo é submetido a um procedimento cirúrgico", ele explicou. Segundo ele, as descobertas também podem ajudar a tratar dores crônicas.

"Nós estamos aprendendo que fibras nervosas são importantes para determinados tipos de dores. A partir daí estaremos aptos a desenvolver novas estratégias". A pesquisa de Park e seus colegas foi detalhada na edição online de janeiro da revista científica PLoS Biology.

Fonte: Portal Terra

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